sábado, 14 de agosto de 2010

Luz na sua janela

Já quase morria o dia, tímido por trás das nuvens e vazio através dos livros. Sentiu uma vontade - que mais parecia um impulso - de sair de dentro do seu quarto; Por fim, saiu, e levou até a cozinha seus pensamentos sobre felicidade e morte, que tanto o afligiam. A água fervendo foi o primeiro passo, seguido de um pouco de açúcar e, claro, do pacotinho de chá. Ele gostava de camomila com um toque de limão; A água fez rapidamente seu serviço, e em menos de alguns minutos, já estava quente o suficiente.

A única luz que adentrava à cozinha vinha da janela, que também era uma porta. Claro, uma porta de vidro. Sentou-se na mesa pequena e fria pelo tempo quase chuvoso que viria. O silêncio era absoluto, poderoso como um suspiro de vida. Mas ao fundo, bem ao fundo, se ouvia um sussurro um tanto tímido, que era proferido pela sua avó. Não era nada diferente do que já acontecia em todos os outros dias, era apenas uma reza. Uma não, algumas...

A voz daquela senhora era tão baixa, que somente os santos mais atentos conseguiam escutar. Mas esse era o objetivo, uma forma de expressão pura e verdadeira que só chegasse aos ouvidos daqueles que quisessem ser tocados.

Seu toque tímido na xícara de chá era tão solitário como a reza de sua avó. Cada um encontrou a sua maneira de extravasar a solidão daquele momento sozinho, sem espírito. E depois de ver um exemplo de vida que tinha ido, exalou o silêncio de seu amplo sorriso, e o deixou dormir em seus braços de tantos resquícios.

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