sábado, 25 de junho de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

Vê se passa por aqui

Já são tantos anos longe, nem parece que chegaria a tudo isso. Ouvindo tua voz, te imagino como quando passávamos um certo tempo juntos. Ela não mudou muito, na verdade, quase nada, mas é que você não deve ser a mesma pessoa. Alguns anos se passaram e muita coisa mudou. Teu cabelo deve estar bem diferente, na verdade, está, mas finjo não saber, para cultivar a lembrança que tenho de você. Como o tempo passou... Fomos cada um para um canto e vivemos. Apenas seguimos um caminho. Mas mesmo depois de todos esses anos, ainda existem coisas que nos ligam de uma forma indescritível. Nem me arrisco mais a adjetivar ou rotular, só sei que quando você me liga, a cada dois meses, mais ou menos, abro um sorriso. Hoje mesmo você me pegou dormindo, mas logo abri os olhos e limpei os ouvidos para te ouvir falar. A vida por aí parece tão diferente, na verdade, ela é, mas finjo não saber, para tentar te trazer mais pra cá. Pro meu lado. Sei lá como é o ar que você respira e quais são as pequenas coisas que te fazem dormir tranquila, mas não deve ser muito diferente de mim. Nós temos uma ligação, sabe? Já brincamos, brigamos, você me xingou, eu te admirei... Confesso que algumas vezes te odiei por quase um segundo, mas não tem jeito, depois te amei mais ainda. Quero te ver em breve, algo como um sábado à tarde, que tal? Pode ser o da semana que vem? Ótimo, já arrumei a casa para te receber. Pega logo esse avião, você tem razão de correr assim desse frio, o tempo aqui é mais ameno. Mas não sei, faz um bom tempo que o frio predomina por aqui, nada de muito extremo, mas o suficiente para deixar o nariz gelado. Mas, claro, comparado à sua terra, é quase um belo verão. Te prometi que não ficaríamos tanto tempo sem contato, mas admito que falhei. Me desculpa, minha cabeça anda cheia de coisas e devaneios e hipóteses e loucuras e confusões. Nem sei mais pra onde correr, todos os lados parecem tristes na mesma proporção. Mas tudo bem, acho que o pior já está passando, logo volto ao normal. Me promete uma coisa? Que você nunca vai desistir daqui? Eu sei que nada te faria voltar em definitivo, mas ainda espero uma visita. Nem me lembro mais do que você gosta de comer e beber, então não se assuste se eu te recepcionar com algo que você não goste. Deixa assim, talvez eu possa te abraçar de novo e te contar como anda meu coração. Você faz falta, vê se não demora pra chegar. Daqui, te espero. Um beijo pra ti.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fruta que cai no jardim

Não sei se já chegou a hora, se já posso partir. Quero me partir em todos os pedaços possíveis para poder estar por aí. Na verdade, não estou nem aí pra isso tudo que está por vir. Quero sair, sair e sair. Fugir.Isso, fugir como um covarde sem pestanejar. Não quero enfrentar todas essas batalhas que aparecem. Quero ser livre para escolher pelo que lutar. Quero amar uma flor qualquer apenas pela sua cor, o cheiro eu deixo para qualquer outro que quiser. Não me importo mais em dividir. Digo isso porque me encanto pelo céu também. Ele é tão pleno e generoso, se estica todo para alcançar uma parte, por menor que seja, de todo mundo. O geral me encanta. Gosto também dessa terra toda que cai nos nossos olhos enquanto brincamos no chão, ali perto do lago. E também da grama que faz cócegas nos nossos ouvidos enquanto esperamos o pôr-do-sol para abrir os olhos. Ah, não posso me esquecer das árvores que usamos para apoiar as costas nos dias de sol intenso. Esses são os melhores dias. Ouvimos um pássaro cantar aqui, um cachorro latir ali e um silêncio puramente sereno que nos força a ficar quietos. Não há voz mais bonita do que a sua quando você olha para dentro de si. É tão bonita a introspecção que flui quando te vejo sorrir. Você deveria olhar mais pra dentro, me esquecer mesmo. Talvez assim você conseguisse entender qual é a razão na alegria de uma gota de chuva ao beijar o chão.